Nos últimos dois anos a Capcom passou por uma reviravolta incrível. De uma editora japonesa com um leque incrível de propriedades intelectuais, mas que parecia perdida e sem saber o que fazer, transformou-se numa das editoras mais entusiasmantes da actualidade, com grandes promessas no seu catálogo. Uma dessas promessas é Devil May Cry 5.
Tal como a Capcom, a série Devil May Cry passou por uma crise de identidade temporária, apoiada por uma mentalidade sem fundamento de que os jogos tradicionalmente japoneses precisavam de ser ocidentalizados para alcançar um público maior e mais mainstream. Foi com esta linha de pensamento que nasceu DmC Devil May Cry, um reinício de Devil May Cry com uma nova visão da personagem e reinterpretação da história.
Os esforços da Ninja Theory fizeram de DmC Devil May Cry um jogo de acção decente, mas estava longe ser aquilo que os fãs realmente queriam. O novo Dante não tinha o mesmo carisma e foi desenhado de propósito para agradar a uma geração mais nova, a jogabilidade não era tão profunda como títulos anteriores, e ultimamente, o jogo não tinha o mesmo ADN dos anteriores, não merecendo o título de Devil May Cry.
Felizmente a Capcom parece ter chegado à mesma conclusão e Devil May Cry 5 é uma continuação directa de Devil May Cry 4, ignorando a existência de DmC Devil May Cry. Uma pequena demo esteve em exposição na Lisboa Games Week, que decorreu na semana passada, e finalmente pudemos experimentar o novo título da série. Como fã de longa data, posso dizer que Devil May Cry 5 é finalmente aquilo pelo qual tanto esperei.
Já é sabido que Devil May Cry 5 terá três personagens jogáveis: Nero, Dante e V, sendo este último uma personagem completamente nova. Todavia, nesta demo jogamos exclusivamente com Nero, que foi introduzido em Devil May Cry 4 e conta com mecânicas e um estilo distinto comparativamente a Dante. Em combate, Nero usa a espada Red Queen, que continua a ter um acelerador no punho, e o seu braço Devil Breaker.
Mecanicamente, a Red Queen funciona de forma praticamente idêntica a Devil May Cry 4. É possível carregar no gatilho esquerdo para sobrecarregar a espada, causando mais dano aos demónios e desbloqueando novos golpes, no entanto, é especialmente difícil sobrecarregar a espada durante um combo. Para sobrecarregar a espada a meio de um combo, há que pressionar imediatamente no gatilho após o final da animação. Mediante o vosso timing, podem obter um sobrecarregamento de nível 1 ou de nível 2 (mas é preciso mesmo muita prática para fazer isto com consistência!)
O que está completamente diferente comparativamente a Devil May Cry 4 é o funcionamento do Devil Breaker. No início de Devil May Cry 5, Nero perde o seu braço para um estranho misterioso e como substituição tem ao seu dispor vários braços mecânicos que funcionam como itens. Existem no total oito tipo diferentes de Devil Breakers no jogo, mas em simultâneo Nero apenas pode ter quatro. Isto traz uma variedade maior para a jogabilidade, em particular para Nero, que estava mais limitado do que Dante no jogo anterior.
É difícil perceber com base numa demo todas as possibilidades da jogabilidade, mas os braços Devil Breaker vêm, sem dúvida, apimentar Nero e torná-lo mais interessante e espectacular. O Devil Breaker chamado “Punch Line” é especialmente vistoso. Este braço pode ser disparado como um míssil teleguiado e Nero até pode subir para cima dele temporariamente. Os Devil Breakers não duram para sempre, daí ter dito que funcionam como itens. Depois de certos ataques ou de algum uso, os braços partem-se, mas podes apanhar mais ao longo do nível.
“É Devil May Cry no seu estado puro”
O que realmente sobressaiu na demo é a fluidez da jogabilidade… é suave como manteiga! Não estou a falar apenas da questão dos 60 fotogramas por segundo, mas nas animações da personagem e com a naturalidade que Nero se desloca pelo cenário. Peguei no comando e senti-me imediatamente confortável a controlar Nero. Claro que, já joguei Devil May Cry anteriores e sabia de antemão os controlos, mas não é isso o que está em questão. É um jogo muito mais fluído do que os anteriores, em que as transições e continuações dos combos parecem acontecer sem esforço.
É Devil May Cry no seu estado puro, com personagens que se riem perante o perigo e com níveis excessivos de confiança. Com o medidor de estilo sempre presente, é aquele tipo de jogo em que queremos aprender a diversificar os ataques e a eliminar os demónios com o maior estilo possível. Isto está bem patente na jogabilidade, que como em qualquer hack an slash que se preze, desperta um gozo tremendo em explorar o sistema de combate, tanto é que a minha vontade era ficar já ali a jogar durante horas.
É de facto uma demo que, apesar de curta, deixa uma impressão muito positiva e que reforça o sentimento de que “Devil May Cry está de volta”. Olhando para o percurso da Capcom ultimamente, é fácil depositar confiança na editora, ainda que a questão das microtransacçõesjá tenha criado alguma controvérsia. Este Devil May Cry parece trazer com força tudo aquilo pela qual a série é conhecida. Será que finalmente vai recuperar o trono dos hack and slash? Tem tudo para triunfar, mas só saberemos ao certo a 8 de Março de 2019.
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